STRATHERN, Paul. Marx in 90
minutes. Rio
de Janeiro: Zahar, 2006. 35 p. ISBN: 978-85-378-0473-5 (compre o livro aqui)
Nascido
em Trier, na Alemanha, a 5 de maio de 1818. pai advogado, e um dos tios foi
fundador da holandesa Philips.
Seus
autores favoritos eram Kant e Voltaire:
Escapou
do serviço militar por razões de saúde (com atestado supostamente falso)
A
filosofia imensamente prolixa e complexa de Hegel veio à luz num momento
histórico oportuno. Seu idealismo, sua insistência em que tudo se move rumo ao
Espírito Absoluto, preencheu o vácuo espiritual deixado por uma crescente
desilusão com a religião. Foi Hegel quem primeiro disse “Deus está morto”, em
1827 (referindo-se a ideia cristã, mais limitada, de Deus), e não seu
incendiário sucessor Nietzsche.
Aos
20 e poucos anos, o alemão Ludwig Feuerbach abandonara a teologia para estudar
sob a orientação de Hegel em Berlim. Segundo Feuerbach, o cristianismo nada tem
a ver com a relação da humanidade com Deus.
A
tese de doutorado de Marx exaltava Prometeu, o herói grego que roubou o fogo
dos deuses e o trouxe para a humanidade e, como castigo, foi acorrentado a uma
rocha no Cáucaso, aonde uma águia voltava a cada dia para bicar-lhe o fígado,
que sempre se renovava. Esse herói (cujo nome significa “aquele que vê, ou
pensa, o futuro”) fornece uma perturbadora metáfora do destino de Marx e de
suas ideias — e de fato Marx se identificou com Prometeu ao longo de toda a sua
vida.
Foi
um excelente jornalista do jornal A Gazeta
Renana, sediado em Colônia.
Chegou ao cargo de Editor Chefe e tinha apelido de “Mouro” por causa de seu
rosto moreno e barbado. Tornou-se o jornal de maior circulação na Prússia.
Atacava
as autoridades, e em 1843 A Gazeta Renana foi fechado.
Casou-se
com uma namoradinha de infância (de família tradicional) e quatro anos mais
velha que ele (nome Jenny von Westphalen). Depois foi morar em Paris.
Marx
iniciou um intenso estudo do fundador da economia, o escocês Adam Smith, e de
seu sucessor, o inglês David Ricardo.
“Antes os filósofos apenas interpretavam
o mundo; ... a questão, porém, é transformá-lo.” (MARX)
Para
se sustentar em Paris, Marx conseguiu um cargo como editor da Revista
Deutsch-Französische Jahrbücher. Através dessa revista, conheceu Friedrich
Engels, cujo pai possuía cotonifícios na Renânia e um em Manchester,
Inglaterra. Engels, então com 23 anos, trabalhava nos negócios da família em
Manchester
há dois. Engels, apesar de ter abandonado os estudos secundários aos 17 anos,
adquiriu depois um conhecimento considerável de 24 línguas. Era um respeitável
homem de negócios e membro da bolsa de algodão de Manchester, e namorava Mary
Burns (uma irlandesa ruiva e analfabeta). Ela quem o guiava nas favelas
irlandesas e isso o influenciou nas sua obra “A condição da classe operária na
Inglaterra”
Engels
e Marx tiveram um rápido contato quando Marx era editor da Gazeta Renana. Mas
quando Engels começou a escrever artigos para Deutsch-Französische Jahrbücher que
Marx reconheceu nele um espírito irmão. Então a segunda vez que se encontraram
em Paris, com Engels de férias hospedado na casa de Marx e mantiveram o contato
por 10 dias. E conta-se que, Engels foi o único amigo com quem Marx nunca
brigou. E Engels idolatrava Marx.
Os
dois passaram a escrever no Deutsch-Französische Jahrbücher e o por pressão das
autoridades prussianas a revista foi fechada e Marx foi expulso da França e foi
montar residência em Bruxelas na Bélgica.
Engels
seguiu Marx para Bruxelas, onde ingressaram na recém-formada Liga Comunista e
redigiram o Manifesto do Partido Comunista (Não havia nenhum partido
comunista). O Manifesto comunista (como é hoje mais popularmente conhecido),
tornou-se um dos maiores bestsellers mundiais na história da imprensa, e tinha
40 páginas.
Estimulado
por Engels, Marx abandonou o idealismo da Liga Comunista. Deixaram a Bélgica e
voltaram para Renânia (ALE), onde Marx aceitou o cargo de editor da ressurrecta
Nova Gazeta Renana. Para pasmo de seus amigos, começou então a escrever artigos
condenando a revolução. (Para conseguir algo, a classe trabalhadora devia
colaborar com a burguesia democrática). Durou pouco essa mudança.
Marx
foi preso quando passou a defender a resistência armada a semelhante suspensão
dos direitos democráticos. Mas, declarou aos jurados que não estivera pregando
a revolução, apenas defendendo o reino. Foi absolvido por unanimidade pelo júri
que até lhe agradeceu, enquanto toda a sala aplaudia.
Foi
deportado e em agosto de 1849 foi para Londres, acompanhado da família, com
três crianças pequenas, estando Jenny grávida de mais uma e por mais de um ano
levava uma vida precária e foi posto na rua (com caçula recém-nascido que morreu
antes de completar 1 ano) por não pagar aluguel.
Engels
desistiu de ser jornalista e voltou a trabalhar na fábrica do pai em
Manchester, para ajudar Marx e a família que foram morar no último andar do n.
28 da Dean Street, no Soho (ING), tinha 2 cômodos apenas onde viviam ele, a
esposa, 3 crianças e a criada Lenchen. Engels ajudou Marx por uma década, a 480
quilômetros de distância. Marx não gostava de aparecer em assembleias públicas
nem de se defrontar com pares intelectuais.
Sua
casa era vigiada pela polícia prussiana.
Um
dos espiões adentrou na residência de Marx e descreveu um local deplorável:
“Assim que se entra no quarto dele, os olhos ficam tão toldados por fumaça de
carvão e vapores de fumo que tem-se a impressão de estar entrando às cegas numa
caverna. .... Tudo é tão sujo, e o lugar tão empoeirado, que até sentar-se é
arriscado. A cadeira em que sentei tinha só três pernas, as únicas cadeiras
inteiras estavam sendo usadas pelas crianças para brincar e preparar comida.
... Além de pouco hospitaleiro, Marx é também completamente desorganizado e
misantropo. Leva a vida de um genuíno intelectual boêmio. Raramente se lava,
penteia o cabelo ou troca de roupa. Gosta também de se embebedar.
Por
vezes fica ocioso por dias a fio, mas trabalha dia e noite com incansável
resistência quando tem muito trabalho a fazer. Não segue nenhuma rotina no que
diz respeito a levantar-se ou deitar-se. Com frequência passa a noite toda
acordado; depois deita-se completamente vestido no sofá ao meio-dia e dorme até
a noite, alheio a quem quer que entre ou saia do cômodo. ”
Em
1856 uma nova e magnífica sala de leitura foi inaugurada no Museu Britânico
(sob uma vasta cúpula cujo projetista italiano tivera o cuidado de não fazer
maior que a de São Pedro, em Roma, reduzindo secretamente seu diâmetro em
alguns centímetros). E ali Marx pôde estudar Hegel e Feuerbach no alemão
original, além de Adam Smith e David Ricardo.
Mais
dois filhos morrem ainda crianças.
Vivia
uma dieta de pão e batatas, além de consumir charutos baratos.
Marx
teve um caso com Lenchen Demuth, e engravidou-a. Engels, uma visita frequente,
assumiu a responsabilidade pelo fato. Quando Lenchen deu à luz um filho
pequenino e peludo, Jenny teve suas suspeitas, mas guardou-as para si, pelo bem
da família. Anos mais tarde, em seu leito de morte, Engels revelou a verdade à
filha de Marx, Eleanor (conhecida como Tussy).
O
jovem Freddy Demuth veio a ser um verdadeiro membro do proletariado,
trabalhando numa fábrica de motores em Hackney, no East End, em Londres.
As
filhas se suicidaram: Laura, a filha mais velha suicidou-se com o marido. E
Eleanor (Tussy), a filha favorita, após ser rejeitada por seu amante mulherengo
(sendo ele quem deu o ácido prússico a ela).
Marx
chegou a ser admitido como correspondente do londrino New York Daily Tribune,
na época o jornal de maior circulação do mundo. Onde deveria escrever dois
comentários por semana. Muitas vezes Engels escrevia às pressas para não perder
o prazo.
Empenhou
seu único par de calças para poder comprar charutos.
Um
escrevente ganhava em média 75 libras por ano, e Marx ganhava de Engles 150
libras, mais duas libras por cada artigo que escrevia. Chegava em média a 200
libras por ano. Pagava 22 libras de aluguel.
Mudou
de Dean Street quando sua esposa recebeu uma herança de família.
Marx
esboça uma evolução filosófica da consciência: Originalmente vivemos em
harmonia com a natureza (tese). Ao nos opormos à natureza, nos apercebemos de
nós mesmos como seres humanos (antítese). Dessa luta nasce nossa consciência
(síntese).
Na
visão de Marx, O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do
homem. As vidas política, intelectual e artística, e até espiritual, ecoam esse
método de produção, que é justificado pelo ganho financeiro. A existência
material dita nossa consciência (materialismo histórico).
O
capital, foi publicado em 1867. A melhor obra de Marx é também a mais difícil
de se ler.
Segundo
Marx, o capitalismo é basicamente injusto. Sustenta-se na exploração dos
trabalhadores, porque os capitalistas têm a posse dos meios de produção: o
maquinário, as ferramentas etc. O algodão chegava à porta da fábrica na forma
de um fardo e saía como peças de roupa que podiam ser vendidas a um preço mais
alto. Dessa maneira, o trabalhador na fábrica adicionava valor às mercadorias.
Mas não lhe pagavam o valor total que acrescentara. Em verdade pagavam-lhe um
salário de subsistência, ou pouco mais; o dono da fábrica embolsava esse valor
excedente, a mais-valia, como lucro. Isso, segundo Marx, é exploração.
Marx
morreu em 1883 aos 64 anos. Foi sepultado em Highgate (ao norte de Londres)
No
cemitério, ficou no setor reservado às pessoas banidas e rejeitadas pela igreja
anglicana. Onde Engels proferiu emocionada oração fúnebre:
"Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por estas suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. e ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutos como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. e morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal"
"Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por estas suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. e ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutos como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. e morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal"
Dos
7 filhos de Marx, 4 morreram na infância e duas cometeram suicido na idade
adulta:
Eleanor Marx (Londres, 16 de janeiro, 1855 — Londres, 31 de março, 1898) - Traduziu diversas obras literárias,
como Madame Bovary,
assim como A dama do mar e Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen. - Morreu aos 43 anos (ácido
prússico – Suicídio)
Jenny Caroline
Longuet
ou Jenny Marx (1 de maio de 1844 - 11 de janeiro de 1883) - Era uma militante socialista. Morreu aos 38 anos. (Provavelmente
câncer de bexiga)
Jenny Laura
Marx
(Londres, 26 de Setembro de 1845 — 26 de Novembro de 1911), segunda filha de Karl Marx e Jenny von Westphalen.
Casou-se com Paul Lafargue (autor de
O Direito à Preguiça).Paul
morreu aos 69 anos (pacto de suicídio com a esposa Laura que tinha 66 anos).(mensagem
deixada por PAUL: "Estando são de corpo e espírito, deixo a vida antes que
a velhice imperdoável me arrebate, um após outro, os prazeres e as alegrias da
existência e que me despoje também das forças físicas e intelectuais; antes que
paralise a minha energia, que quebre a minha vontade e que me converta numa
carga para mim e para os demais. Há anos que prometi a mim mesmo não
ultrapassar os setenta; por isso, escolho este momento para me despedir da
vida, preparando para a execução da minha decisão uma injeção hipodérmica com
ácido cianídrico. Morro com a alegria suprema de ter a certeza que, num futuro
próximo, triunfará a causa pela qual lutei, durante 45 anos. Viva o comunismo!
Viva o socialismo internacional!". ). Lênin
foi o orador principal no
enterro.
Edgar
Marx -
(Nascimento: 3 de
fevereiro de 1847, Bruxelas, Bélgica. Falecimento: 6 de
maio de 1855) – 8 anos. (MARX não tinha dinheiro para enterrar o filho)
Henry
Edward Guy Marx (Nascimento: 5 de
setembro de 1849, Londres, Reino Unido.
Falecimento: 19 de
novembro de 1850, Londres, Reino Unido)
– 1 anos e 2 meses.
Jenny
Eveline Frances Marx – filha. (Nascimento: 28 de
março de 1851. Falecimento: 14 de
abril de 1852). 1 ano 1 mês.
Henry
Frederick Demuth (apelido – Freddy e deram-lhe o nome de Frederick, para
insinuar que era filho de Friedrick Engel- nascido em 1851) – Filho ilegítimo com Helene Demuth,
a Lenchen ou Nim, empregada doméstica da família. Ela tinha 28 anos e Marx, 32.
Freddy foi entregue para adoção. Freddy morreu em 28 de janeiro de 1929, aos 77
anos, na Inglaterra, de insuficiência cardíaca.
Após
a morte de Marx, Engels contratou Helene como empregada. após
a morte de Helene, Engels a enterrou ao lado de Marx e Jenny no túmulo da
família em Highgate.
A mulher de Karl Marx vinha de origem fidalga, o próprio tio de
Karl fundou a Philips holandesa, porém a família Marx vivia em penúria, com
filhas se suicidando, outra pequena, a Franziska, adoeceu com bronquite,
morreu, e Jenny Marx – a esposa – precisou implorar uma doação de 2 libras para
o caixão da menina. Por outro lado, a mãe de Karl Marx vivia criticando o filho
e dizia “ao invés dele ficar escrevendo tanto sobre o capital, deveria é ganhar
algum!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário