A Associação Americana de Bibliotecas (American Library Association - ALA) recentemente divulgou dados preliminares que revelam um aumento preocupante nas tentativas de censura de livros e materiais em bibliotecas públicas, escolares e acadêmicas durante os primeiros oito meses de 2023 (veja). Os números apontam para um recorde de desafios a livros e materiais, destacando a necessidade urgente de proteger a liberdade de leitura e acesso à informação.
Entre 1 de janeiro e 31 de agosto de 2023, o Escritório de Liberdade Intelectual da ALA documentou 695 tentativas de censurar materiais e serviços de bibliotecas, com desafios registrados a 1.915 títulos únicos. Este aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2022 é alarmante, especialmente porque 2022 já havia registrado o maior número de desafios de livros em mais de duas décadas. Muitos desses desafios foram direcionados a livros escritos por ou sobre pessoas de cor ou membros da comunidade LGBTQIA+.
Desafios em Bibliotecas Públicas:
É especialmente preocupante que quase metade dos desafios documentados pela ALA ocorreram em bibliotecas públicas, representando 49% do total. Isso representa um aumento significativo em relação aos 16% registrados no mesmo período de 2022. Grande parte desse aumento é resultado de um único desafio feito por um grupo ou indivíduo que exige a remoção ou restrição de múltiplos títulos.
A Ameaça à Liberdade de Leitura:
Esses ataques à liberdade de leitura são preocupantes, pois colocam em risco direitos e liberdades fundamentais. Deborah Caldwell-Stone, diretora do Escritório de Liberdade Intelectual da ALA, alerta que permitir que um grupo ou indivíduo determine quais livros podemos ler ou até mesmo se as bibliotecas devem existir ameaça nossos direitos e liberdades. A tentativa de censura de bibliotecas públicas coloca a política acima do bem-estar, da educação dos jovens e do direito de todos ao acesso à biblioteca pública.
Um Ataque à Diversidade e à Educação:
É importante destacar que a maioria dos desafios busca censurar não apenas um livro, mas vários. Casos documentados mostram desafios a 100 ou mais livros em 11 estados. Esses ataques prejudicam não apenas os leitores em busca de livros que reflitam suas experiências de vida, mas também os bibliotecários que desejam tornar esses livros acessíveis.
A Importância do Apoio Público:
A ALA enfatiza que a resposta à censura deve ser um apoio público e vocal às bibliotecas. Bibliotecas continuam a acolher todos os leitores em suas comunidades e fornecer uma coleção diversificada. O público é convidado a participar da Semana dos Livros Banidos de 2023 (1 a 7 de outubro), que visa chamar a atenção para as tentativas de remover livros e materiais de bibliotecas, escolas e livrarias. O tema deste ano, "Let Freedom Read", destaca a urgência de defender o direito de leitura e apoiar a comunidade de leitores, bibliotecários, educadores, autores, editores e livreiros.
A crescente onda de tentativas de censura em bibliotecas é um alerta para a importância da liberdade de leitura e acesso à informação. Proteger esses direitos é fundamental para uma sociedade democrática e informada. A sociedade é convidada a se unir na defesa da liberdade de leitura e na luta contra a censura, assegurando que todos tenham a oportunidade de explorar uma ampla gama de perspectivas e experiências por meio dos livros.
Marcelo Diniz - 01/10/23
Nenhum comentário:
Postar um comentário