quinta-feira, 3 de agosto de 2023

200 ANOS DO MAIOR POETA BRASILEIRO - Gonçalves Dias (1823 - 1864)

 



1823 (10 de agosto de 1823) - Nasce Gonçalves Dias, filho de João Manuel Gonçalves Dias e Vicência Ferreira.

1829 - Seu pai casa com Adelaide Ramos de Almeida, que cria Gonçalves Dias como seu filho. Ele é afastado da mãe biológica, só voltando a vê-la aos 15 anos de idade.

1835 - Estuda latim e francês no curso do professor Ricardo Leão Sabino, que convence o pai de Gonçalves Dias a mandá-lo para Coimbra estudar.

1837 - O pai de Gonçalves Dias morre e seus amigos oferecem para custear seus estudos em Portugal. Entre eles está Gonçalo da Silva Porto, irmão de Domingos Silva Porto, futuro marido de Ana Amélia.

1837 - O pai junto com Gonçalves Dias parte para São Luís, onde o pai morre em 13 de junho. Gonçalves Dias escreve o poema “Saudades”, expressando sua dor pela perda do pai.

1838 - Gonçalves Dias parte para Coimbra com seu correspondente Bernardo de Castro e Silva. Em outubro de 1839, ele quase abandona os estudos por falta de recursos, mas é ajudado pelos amigos, entre eles Teófilo Braga, que conheceu em Portugal.

1841 - Chega a Coimbra notícias da aclamação de D. Pedro II como imperador do Brasil. Os estudantes brasileiros em Coimbra fazem uma comemoração e Gonçalves Dias declama um poema que fez para Dom Pedro II.

1843 - Escreve “Canção do Exílio”, um dos seus poemas mais famosos. Tinha ele 20 anos. Segundo Henrique Leal, “Canção do Exílio” figurava no início no corpo de um romance que Gonçalves Dias escreveu em Portugal, [Chamado Memórias de Agapito Goiaba], e que o destruiu em 1854, atirando ao fogo os 3 volumes de manuscrito” (p. 176-177). O poema “Canção do Exilio” inspirou Osório Duque Estrada a compor a letra do Hino Nacional. “Nossos bosques têm mais vida” / “Nossa vida” no teu seio, “mais amores” são escritos entre aspas na letra do Hino.

1844 - Vende seus livros para viajar de Coimbra para Lisboa para ver seu amigo Teófilo que estava de partida para o Brasil.

1845 - Regressa ao Brasil e trabalha como advogado em Caxias.

1846 - "Seus olhos" e "leviana" foram inspirados em Ana Amélia.

1846 - A convite de Teófilo vai para São Luís e depois parte para o Rio de Janeiro. Dedica-se aos estudos do alemão. Alexandre Herculano faz elogios ao Gonçalves Dias.

1846 - A convite de Teófilo vai para São Luís e depois parte para o Rio de Janeiro. Dedica-se aos estudos do alemão. Alexandre Herculano faz elogios ao Gonçalves Dias.

1846 - Gonçalves Dias volta ao Brasil e vai para São Luís a convite de Teófilo Leal, amigo e futuro cunhado de Ana Amélia. Ele fica hospedado na casa de Teófilo por seis meses e se apaixona por Ana Amélia, que tem 15 anos. OBS: Teófilo (Alexandre Teófilo de Carvalho Leal) era cunhado de Ana Amélia (amor de Gonçalves Dias – Casa 234). A rua também já se chamou Rua Gonçalves Dias em 1865.

1847 - Começa a dar aulas de latim no Liceu de Niterói. Nesse período escreve “Os Timbiras” e “Leonor de Mendonça”.

1847 - Gonçalves Dias viaja para Portugal novamente e namora outras mulheres, como a filha da dona de uma pensão e Eulália, por quem escreve os poemas “Inocência” e “Saudade”.

1848 - Publica “Primeiros Cantos”, sua primeira coletânea de poemas.

1849 - Publica “Segundos Cantos” e “Sextilhas de Frei Antão”, uma resposta às críticas que recebeu pela obra “Beatriz Cenci”, um drama que ele escreveu e depois destruiu.

1851 - Gonçalves Dias envia uma carta à mãe de Ana Amélia, que foi para Alcântara com as filhas, pedindo a mão de Ana Amélia em casamento. Ele recebe uma resposta negativa em uma carta de quatro linhas quando está em Recife em janeiro de 1852. (A versão da família de Ana Amélia sobre a recusa do casamento dela com Gonçalves Dias, relacionada à tuberculose do poeta).

1851 - Publica “Últimos Cantos” e vai para o Amazonas por intermédio do ministro do Império, Visconde de Monte Alegre. Lá ele estuda as línguas indígenas e a cultura dos povos nativos.

1852 - Ana Amélia propõe a Gonçalves Dias que fujam juntos, mas ele não aceita, temendo decepcionar a família do amigo Teófilo. Ele pede a Ana Amélia que o esqueça. Em setembro, ele se casa com Olímpia Coriolana da Costa no Rio de Janeiro. O casamento não dura muito. Ana Amélia se casa com Domingos Silva Porto, um mestiço de origem humilde nascido no interior. Domingos era filho de escravos e nasceu em 1813. Ele era amigo de Gonçalves Dias e irmão do juiz Gonçalo da Silva Porto. Ele morava na rua da Estrela e foi juiz de paz, subdelegado de polícia, tenente coronel e tesoureiro de teatro em São Luís. A família de Ana Amélia era contra o namoro dos dois e ele a tirou da casa dos pais para morar com ele na rua da Estrela.

1852 - Retorna ao Rio de Janeiro e publica “Cantos”, uma edição revista e ampliada dos seus três livros anteriores. Conhece Olímpia da Costa, filha do cônsul português no Rio de Janeiro, com quem se casar depois. Ela era ciumenta e brigava com as escravas por conta de Gonçalves Dias.

1853 - Ana Amélia e Domingos são padrinhos de um batismo na Santa Casa de Misericórdia. A filha de Ana Amélia recebe o nome da avó, Lourença.

1854 - Casa-se com Olímpia da Costa, filha do cônsul português no Rio de Janeiro. Diz-se que casou tuberculosa, e assim, Gonçalves Dias ao descobrir decide afastar-se.

1854 - Nesse ano ele também publica “Dicionário da Língua Tupi”.

1854 - Nasce sua única filha, Joana da Costa Gonçalves Dias (20/09/1854, Paris, França – 24/08/1856, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro).

1854 - Viaja pela a Europa. Em Lisboa, encontra-se com Ana Amélia Ferreira Vale, sua antiga paixão, e escreve “Ainda uma vez - Adeus”. Sua esposa Olímpia engravida e nasce uma filha doente, em Paris. Gonçalves Dias manda-a de volta ao Rio de Janeiro junto com o sogro, e a menina morre meses depois. Olímpia e Gonçalves Dias nunca mais se juntam. Gonçalves Dias viaja por outros países: Bélgica, Suíça, Alemanha, Itália e volta a Lisboa. Publica na Alemanha seus livros: “Dicionário da Língua Tupi” e “Lendas e Narrativas”.

1855 (15 de maio) - Gonçalves Dias escreve a Teófilo após saber da fuga de Ana Amélia e expressa preocupação e simpatia por ela e seu casamento com Domingos Porto. Menciona o desejo de ajudá-la financeiramente se tivesse recursos. Jornais "O Progresso" e "Estandarte" expuseram o escândalo envolvendo a fuga de Ana Amélia e Domingos Porto, condenando o presidente Eduardo Olímpio Machado.

1859 - Ainda na Alemanha é nomeado chefe da secção etnográfica da Comissão Científica que estuda as riquezas naturais do Norte do Brasil. Publica “I-Juca-Pirama”, um dos seus poemas épicos mais conhecidos.

1859 - Publica “I-Juca-Pirama”, um dos seus poemas épicos mais conhecidos. Neste poema encontra-se a famosa frase “Meninos, eu vi!”.

1860 - Carta de Gonçalves Dias a José de Alencar – 27/06/1860 – pêsames pela morte do pai do poeta Alencar. José de Alencar solicitou ao poeta maranhense um poema ao seu pai, o senador José Martiniano de Alencar.

1861 - Manaus — 25 de junho - "Como és tú?" foi escrito em Manaus.

1861 - O poema "Se te amo, não sei!" é escrito.

1861 - O poema escrito para Ana Amélia em Manaus foi de maio a junho de 1861.

1861 - Retorna ao Brasil e viaja pelo Amazonas, estudando as línguas e os costumes dos índios. Escreve “Meditação”, um poema sobre a morte.

1861 (17 de junho) - O poema "No Jardim" é escrito em Manaus.

1861 (30 de maio) - O poema "Oh! Que acordar!" é escrito em Manaus.

1861 (maio a junho) - Gonçalves Dias escreve um poema para Ana Amélia em Manaus.

1861/1862 – Expedição: Ao chegar ao Amazonas, Gonçalves Dias tinha 38 anos. Na expedição ao Rio Negro, Gonçalves Dias recebeu uma galinha de presente em troca de penas e tinta. Mencionou a lenda de Jurupari durante a viagem. Teve um termômetro roubado durante a expedição. Viajou com Canavarro e Coelho, e um Canavarro fugiu levando uma canoa que havia comprado por 5$. Teófilo emprestou o escravo Fileno a Gonçalves Dias para a viagem.

1861?? - A famosa foto de Ana Amélia mostra-a segurando o livro "Os Cantos" de Gonçalves Dias, editado em Leipzig em 1857.

1862 - Gonçalves Dias encontra acidentalmente com Ana Amélia em Lisboa, Portugal, e escreve o poema “Ainda uma vez - Adeus” - provavelmente seu último encontro com ela. Há relatos que esse poema e o poema “Se se morre de amor” foram escritos em Recife.

1862 - Paris 23 de agosto - Indo do Rio de Janeiro para o Maranhão, Gonçalves atraca em Pernambuco e é convencido a ir tratar-se na Europa. Vai como único passageiro em um brigue francês “Grand Condé” e no meio do cominho um tripulante morre e é jogado ao mar. Ao Atracar em Marselha, em 14 de julho após quase 2 meses de viagem, Gonçalves Dias após 7 dias de quarentena vaia para a cidade e recebe os jornais e noticiava sua morte. Inclusive com 3 dias de luto oficial. Ele envia carta aos amigos informando que não escreve do Além-Túmulo. “Vi nos jornais que eu tinha morrido, li as minhas necrologias! Estou morto! Não há dúvida mais certa. Atiraram-me às ondas. O oceano é o único túmulo digno de um poeta, que não foi muito d'água doce”. Em busca de tratamento vai para Lisboa, regressa a Paris, Bruxelas, Dresden e Munique (Alemanha) e volta a Paris. Desiste de buscar a cura e regressa para morrer no Maranhão.

1862 - Separa-se da esposa e viaja para a Europa, onde passa dois anos tratando da sua saúde debilitada pela tuberculose.

1862 - Separa-se da esposa e viaja para a Europa, onde passa dois anos tratando da sua saúde debilitada pela tuberculose. Em busca de tratamento vai para Lisboa, regressa a Paris, Bruxelas, Dresden, Munique e volta a Paris. Desiste de buscar a cura e regressa para morrer no Maranhão.

1862/1863? - Gonçalves Dias foi tradutor de “A Noiva de Messina”, uma obra do alemão Friedrich Schiller, e começou a tradução no Ceará e terminou em Lisboa em 1863.

1864 (10 de setembro) - Embarca no navio Ville de Boulogne rumo ao Maranhão.

1864 (3 de maio) - Gonçalves Dias escreve o poema cômico "Posseidon" (O poema "Posseidon" é uma obra cômica escrita por Gonçalves Dias. Nele, o autor descreve uma cena na qual ele estava sentado em uma praia lendo os cantos da Odisseia e outros poemas antigos. Enquanto lia, sentia-se envolvido pela atmosfera dos Deuses e da Grécia Antiga, acompanhando as desventuras do filho de Laerte, Ulisses, na sua jornada de retorno à pátria. No poema, Gonçalves Dias expressa sua empatia pelo sofrimento de Ulisses e sua busca para retornar à sua terra natal. Ele demonstra um apreço pelos clássicos, identificando-se com o personagem mitológico de Ulisses, que enfrenta desafios e tentações durante sua viagem de volta para casa. O tom humorístico surge quando o próprio deus Posseidon, Senhor dos Mares, aparece e tranquiliza o poeta, dizendo que não tem intenção de prejudicá-lo, já que Gonçalves Dias nunca fez nada contra ele ou sua família. Posseidon menciona que o poeta nunca subiu em suas torres, não arrancou os cílios de seu filho Polyfemo e não interferiu com Pallas Athene (Atena), Deusa da Prudência. A cena final mostra as divindades marítimas, Amphitrite e as filhas de Nereo, rindo das "chufas", ou brincadeiras, do marujo, indicando o tom leve e bem-humorado do poema). Poseidon é o deus dos mares na mitologia grega.

1864 (3 de novembro) - Gonçalves Dias é o único tripulante que falece em um naufrágio do navio Ville de Boulogne, próximo à região do baixio dos Atins, na baía de Cumã, município de Guimarães. Tinha 41 anos.

1864 (9 de agosto) - Domingos morre aos 51 anos no mesmo ano de Gonçalves Dias em 9 de agosto. Gonçalves Dias morre aos 41 anos em 3 de novembro.

1865 - Ana Amélia fica viúva aos 37 anos e volta ao Maranhão com a filha em 7 de setembro.

1865?? - Ana Amélia se casa com Godinho e tem outra filha, Eugênia. Depois fica viúva mais uma vez. Ela dá aula de piano na rua da Estrela nº 53.

1873 - No Largo dos Remédios ou Largo dos Amores, foi inaugurada em 1873, o monumento de Conclaves Dias. Sua pedra fundamental lançada em 10 de agosto de 1872, tendo sido inaugurado em 07 de setembro de 1873. “No centro, um tronco de palmeira de mármore tem no cimo a estátua de um homem. É, Gonçalves Dias. No pedestal, os medalhões de Odorico Mendes, João Lisboa, Gomes de Souza, Sotero dos Reis. A poesia, o pensamento, a sciencia, a grammatica”. (Aranha, 1931, p. 101). O trabalho é do escultor português Pedro Carlos Quadro dos Reis, feito em Lisboa, nas oficinas de Germano José Sales. Além desta o esculto também fez a estátua de Bocage, em Setúbal. Inaugurada em 21 de dezembro de 1871.

1889 - A Bandeira Brasileira foi projetada pelo filósofo e matemático Raimundo Teixeira Mendes. Ele era filho de Inês Leal Vale (Irmã de Ana Amélia - grande amor de Gonçalves Dias).

1893 - Em uma passagem do livro “Demônios”, de Aluísio Azevedo, há um relato de um amigo de Aluísio, o Sr. Cunha, sobre a estátua de Gonçalves Dias. Na volta de um sitio nos arredores de São Luís, passando pelo trapiche inacabado da Rampa Campos Melo, o mesmo aponta o braço para a estátua do poeta caxiense. “Para o luxo de encarapitar aquele grande boneco no tope daquele imenso canudo de mármore houve dinheiro! E dinheiro grosso! Todo povo do Maranhão concorreu! Ao passo que para concluir o trapiche de Campos Melo, que é uma necessidade reclamada todos os dias pelo comércio, não apareceu ainda quem se mexesse! Súcia de doidos!” (ver no livro Demônios p. 246 - https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/4845/1/002291_COMPLETO.pdf.

1893 - Machado de Assis, em 1893, se impressionou com a presença de Gonçalves Dias na redação do Diário do Rio, menciona suas sensações da adolescência ao ouvir a "Canção do Exílio".

1904 - Nos três dias de homenagem a Gonçalves Dias pelos 40 anos de sua morte, Antônio Lobo recita o poema “Ainda uma vez - Adeus” no Teatro Arthur Azevedo, e Ana Amélia está no teatro e chora. Tinha então 73 anos.

1905 - Ana Amélia falece em 26 de março. Dizia ser ela a mulher que foi "amada pelo maior poeta do Brasil".

 

Fontes:

BARROS NETO, Eziquio. In: Os amores de Ana Amélia: parte I. Blog Eziquio, arquitetura, urbanismo, história. 9 fev. 2017.

ARANHA, Graça. O meu próprio romance. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1931. 174p.

VIEIRA FILHO, Domingos. Breve história das ruas e praças de São Luís . São Luís: 1971.

BARROS NETO, Eziquio. In: Os amores de Ana Amélia: parte II. Blog Eziquio, arquitetura, urbanismo, história. 14 fev. 2017.

DIAS, Antônio Gonçalves. Diário da viagem ao Rio Negro. Transcrição de Lúcia Miguel Pereira. Introdução de Josué Montello. Rio de Janeiro: ABL, 1997. (Coleção Afrânio Peixoto da Academia Brasileira de Letras, v. 30).

MEIRELES, Mário M. Gonçalves Dias e Ana Amélia. São Luís: [s.n], 1964. (2. Edição comemorativa do I Centenário de morte de Gonçalves Dias).

LEAL, ANTONIO HENRIQUES. Antonio Gonçalves Dias. In: LEAL, Antonio Henriques. Pantheon maranhense: ensaios biographicos dos maranhenses illustres já falecidos. Lisboa: Impr. Nacional, 1873. v. 3.

MONTELLO, Josué. Gonçalves Dias: ensaio biobibliográfico. São Luís: Edições AML, 2019. 238 p. ISBN 978-85-8566-032-8. (Coleção Biblioteca Escolar)

Jornal Pacotilha de 27 out. 1904 - edição 156.

Jornal Pacotilha de 5 nov. 1904 - edição 263

DIAS, A. Gonçalves. Viagem pelo rio Amazonas: Cartas do Mundus Alter. Brasília, DF: Senado Federal, Conselho Editorial, 2011. 156 p. (Edições do Senado Federal; v. 151). https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/573989/000970220_Viagem_Rio_Amazonas.pdf

CORRESPONDÊNCIA ativa de Antônio Gonçalves Dias. ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL VOL. 84, 1964 - https://memoria.bn.br/pdf/402630/per402630_1964_00084.pdf


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