“Se você quiser filosofar, escreva romances” (Albert Camus)
O absurdo é universal.
(“É tão válido
representar um modo de aprisionamento por outro,
quanto representar qualquer coisa que de fato existe por
alguma coisa que não existe.”) Daniel Defoe (Tradução de Albert Camus)
O calor úmido
dessa primavera nos fazia desejar os ardores do verão. Na cidade, construída em
caracol sobre um planalto, quase fechada para o mar, reinava um morno torpor.
No meio dos seus longos muros caiados, entre as ruas de vitrines poeirentas,
nos bondes de um amarelo sujo, as pessoas sentiam-se um pouco prisioneiras do
céu. Só o velho doente de Rieux dominava a asma para se regozijar com esse
tempo. p. 20
nunca alguém
será livre enquanto houver flagelos. p. 24
O médico
lembrava-se da peste de Constantinopla, que, segundo Procópio, tinha feito dez
mil vítimas em um só dia. Dez mil mortos
são cinco vezes
o público de um grande cinema. p. 24