terça-feira, 25 de maio de 2010

Lei obriga escolas públicas e privadas a ter biblioteca

O Diário Oficial da União traz publicada na edição de hoje (25) a lei que obriga todas instituições públicas e privadas de ensino do país a ter uma biblioteca.

A Lei 12.244/2010 determina toda escola tenha um acervo de livros nas bibliotecas de pelo menos um título por aluno matriculado. Cabe à instituição adaptar o acervo conforme as necessidades, promovendo a divulgação, preservação e o funcionamento das bibliotecas escolares.

As escolas terão até dez anos para instalar os espaços destinados aos livros, material videográfico, documentos para consulta, pesquisa e leitura.


sábado, 15 de maio de 2010

O PODER DAS BIBLIOTECAS

Darnton, Robert. “O poder das bibliotecas” São Paulo: Folha de São Paulo, 15 de abril de 2001. Jel: Z





O poder das bibliotecas
Robert Darnton


Meu tópico diz respeito ao futuro das publicações, mas tal como a maioria dos historiadores eu tento na verdade compreender algo sobre o futuro estudando o passado. Nós, historiadores, somos o que os franceses chamam "passéistes", ou seja, estamos sempre voltados ao passado; e, à medida que nele ingressamos, de vez em quando batemos o olho no retrovisor e pensamos captar relances do futuro. Gostaria de oferecer aqui alguns desses relances. Aliás, devo admitir que passei tanto tempo com colegas franceses que creio que seja possível dividir qualquer assunto em três. Assim, organizei meus pensamentos em três partes. A primeira parte refere-se a bibliotecas; a segunda, a livros; a terceira, a arquivos.
Bibliotecas. Vistas de dentro de grandes monumentos, elas parecem indestrutíveis. Mas, de fato, a história mostra que bibliotecas estão sempre sendo destruídas, e cada vez que uma biblioteca vem abaixo muito da civilização desaba com ela. A Biblioteca de Alexandria parecia que iria durar tanto quanto as pirâmides e, de fato, sobreviveu quase um século, mas, quando foi destruída, perdemos a maior parte da informação então disponível sobre a Grécia antiga, 700 mil volumes. Perdemos o maior repositório de conhecimento sobre a Europa medieval quando Monte Cassino foi bombardeada na Segunda Guerra Mundial. Mais recentemente, a destruição da Biblioteca Nacional do Camboja pelo Khmer Vermelho deu cabo do maior estoque de informações sobre a civilização cambojana.
Esse, aliás, era o objetivo do Exército de Pol Pot, obliterar o passado e começar de novo a partir do que chamavam "Ano Zero". Destruíram quase todos os livros -estima-se que 80%- e mataram todos menos três dos seus 60 bibliotecários. Ora, os livros mais valiosos revelaram ser os inscritos em folhas de palmeira. Folhas de palmeira apodrecem na umidade tropical e, portanto, tinham de ser recopiados a certo intervalo de tempo por monges budistas. Mas o Khmer Vermelho destruiu também os monges budistas, assim não sobrou ninguém para salvar o minúsculo fragmento da biblioteca que sobreviveu, e este continuou apodrecendo nas ruínas do prédio. Todos nós enfrentamos problemas de preservação, mas eles variam enormemente de textos digitalizados a folhas de palmeiras.
Embora minha intenção não seja reduzir os problemas à história militar, não posso resistir a mencionar a própria biblioteca da universidade em que leciono, que foi destruída (salvo cinco volumes) na batalha de Princeton, em janeiro de 1777. E, claro, os ingleses queimaram a Biblioteca do Congresso em 1814. Tivemos assim de começar tudo de novo neste país, auxiliados felizmente pela biblioteca de Thomas Jefferson como uma fundação.

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